"Mamã, não percebo o amor!"

Era domingo de tarde e eu estiquei-me no comprido sofá que dominava a sala. Peguei no livro que a minha prima me havia dado à faz muito tempo e eu havia-me forçado a lê-lo por pura educação. 
Era um livro de amor. Uma história cheia de romance, beijos, drama e muito amor contudo, eu ainda era nova, demasiado nova para perceber o que era isso. Então, ingênua eu lia página por página, sempre de sobrolho arregalado e com um sentimento de confusão a dominar-me.
A minha mãe chegou à sala, colocou um copo com chá preto na mesinha ao meu lado e deu-me um beijo na testa enquanto afastava a minha franja. 
Quando ela estava prestes a sair eu disse:
-Mamã, não percebo o amor! 
Minha mãe riu e disse:
-Amor, minha filha, não é para perceber, é para sentir!
E assim ela saiu da sala deixando-me sozinha.
Pensei que talvez fosse melhor parar e refletir no que acabara de ouvir mas, a minha mente ainda era muito jovem e eu não conseguia entender ou processar a informação direita. Por isso, guardei o livro na estante, bebi rapidamente o meu chá e sai correndo para o meu quarto.
Comecei a brincar com as minhas Barbies e nunca mais peguei naquele livro, de novo.

-A.C.

/texto fictício/