O mundo é mais pequeno quando estamos sozinhos!

Nos corredores a confusão é gigante, o barulho é gigante e tudo parece maior e pior quando somos pequenos e sossegados como eu. 

Sempre que a campainha se pronuncia eu saio da sala num passo rápido e tento passar todos e tudo. Estar sozinha é complicado. 

Não existe ninguém com quem possa falar e os meus intervalos parecem agora demasiado longos. O tempo passa devagar porque sou a única a lutar contra ele. 

Às vezes apetece-me chorar de desespero, outras apetece me gritar de raiva porque quero descarregar a dor, deixa-la sair. 

Cai numa rotina que até a mim me dá pena. Sinto que até os próprios desconhecidos que vejo na rua me julgam pelo meu isolamento. Olham para mim como se estivesse à parte da sociedade e talvez esteja mesmo: não convivo com a minha geração e pareço não me enquadrar em nada. 

O tempo que tenho é todo meu. Quando passamos tantas horas com alguém é de imaginar que nos apaixonemos pela maneira do outro ser. Então, seguindo esta lógica, eu que passo tantas horas comigo mesma devia de amar o meu jeito de ser. No início sim, no início adorava estar comigo porque eu fascinava-me, sentia que algo em mim valia a pena ser partilhado. Depois substitui o amor por ódio, ódio pelo meu jeito de ser pois havia algo em mim que me irritava. Agora já nem quero saber. Já não vale a pena sequer deitar me abaixo ou levantar-me. Já não vejo nada de bom nem de mal, o que me perturbava.

Como posso estar eu agora a tornar-me numa pessoa indiferente face a algo?!

Não encontro motivação para nada tendo em conta que, estamos todos à espera da morte. Isso mesmo. O objetivo da vida é morrer, é também a reta final: a morte.

Que interessa eu saber muito ou ser formada ou ter amigos ou ser simpática se vou morrer?!

E posso morrer a qualquer minuto a qualquer hora a qualquer momento.

Por exemplo, amanhã tenho teste de geologia a matéria já está toda sabida, fiz mil e um exercícios mas hoje à noite sou atropelada morro e foi tudo em vão. A vida é em vão. Não há qualquer fundamento lógico para termos de passar por situações horríveis ou incríveis.

Em suma, estou cansada de viver ou será de sofrer?